Irrita-me a blogosfera. Sim, é um paradoxo: se lhe irrita tanto a blogosfera, porquê ter um blog? Não faz sentido e reconheço-o. Mas em minha desculpa tenho o facto de ser humana e de, como todos os humanos, ser contraditória e movida por forças e desejos insondáveis. E portanto, por força do afecto, lá aceitei eu mais este pequeno desafio.
O que me irrita na blogosfera é que, hoje, todos têm um blog. O blog das receitas da avó, o blog do caozinho que faz parte da família, o blog do diário pessoal, o blog do rato morto na cozinha, o blog do partido, o blog das frustrações literárias, o blog do desporto, o blog do ponto de exclamação... tudo, independentemente do real interesse que possa ter para alguém que não o próprio bloguista, é tema possível para ter um espaço seu, uma pequena ilha no oceano de blogs e sites pessoais que a rede acolhe. Hoje, qualquer pessoa pode escrevinhar o que bem lhe apetecer numa folha de papel electrónico e ter uma visibilidade nunca antes vista, uma publicidade que deixa de pertencer à gaveta da mesinha de cabeceira ou, no máximo, aos olhos atentos dos amigos próximos. E está muito bem, porque faz tudo parte do princípio da liberdade de expressão, levado às suas mais últimas consequências, uma delas bem óbvia: a de serem poucos os blogs que realmente interessam, que realmente têm alguma coisa a dizer.
Os blogs têm também um outro problema: ocupam tempo. A não ser que se junte umas quantas letras, umas quantas imagens, se ponha na misturadora e se despeje, como dados na mesa do casino, o resultado de dez minutos, onde é grande a probabilidade de tal cocktail ser inevitavelmente uma papa informe e desinteressante, escrever ocupa tempo e espaço mental. E dá trabalho. E se posso ocupar o meu tempo livre a fazer coisas bem mais divertidas e leves, a passar tempo com os meus amigos ou a aprender a dançar, a perspectiva de escrever trabalhosamente num blog pode ser desanimadora, para dizer o mínimo.
Mas então, depois de tudo isto, para quê escrever num blog? Para quê perder o tempo, matar a cabeça à procura de assuntos que possam interessar a quem lê, para quê contribuir para uma blogosfera em que não se acredita? Boa pergunta. Talvez para ter um espaço em comum com o meu primo, mesmo que não tenhamos nada de interessante para dizer. Para poder falar do meu rato morto na cozinha, das receitas da minha avó, das frustrações literárias ou das comédias que invadem a minha vida. Afinal, também tenho uma data de coisas desinteressantes para dizer ao mundo e, como todos os seres humanos que decidem criar uma ilha onde se fala de coisa nenhuma, exerço o meu direito, democraticamente garantido à liberdade de expressão. Honro, pois, o direito conquistado pelos nossos antepassados, não tão caquéticos assim, à custa de suor e muita tinta escorrida nos almanaques e livros de crítica social... Mesmo que isso signifique escrever rios de generalidades inúteis. Assim seja!
O que me irrita na blogosfera é que, hoje, todos têm um blog. O blog das receitas da avó, o blog do caozinho que faz parte da família, o blog do diário pessoal, o blog do rato morto na cozinha, o blog do partido, o blog das frustrações literárias, o blog do desporto, o blog do ponto de exclamação... tudo, independentemente do real interesse que possa ter para alguém que não o próprio bloguista, é tema possível para ter um espaço seu, uma pequena ilha no oceano de blogs e sites pessoais que a rede acolhe. Hoje, qualquer pessoa pode escrevinhar o que bem lhe apetecer numa folha de papel electrónico e ter uma visibilidade nunca antes vista, uma publicidade que deixa de pertencer à gaveta da mesinha de cabeceira ou, no máximo, aos olhos atentos dos amigos próximos. E está muito bem, porque faz tudo parte do princípio da liberdade de expressão, levado às suas mais últimas consequências, uma delas bem óbvia: a de serem poucos os blogs que realmente interessam, que realmente têm alguma coisa a dizer.
Os blogs têm também um outro problema: ocupam tempo. A não ser que se junte umas quantas letras, umas quantas imagens, se ponha na misturadora e se despeje, como dados na mesa do casino, o resultado de dez minutos, onde é grande a probabilidade de tal cocktail ser inevitavelmente uma papa informe e desinteressante, escrever ocupa tempo e espaço mental. E dá trabalho. E se posso ocupar o meu tempo livre a fazer coisas bem mais divertidas e leves, a passar tempo com os meus amigos ou a aprender a dançar, a perspectiva de escrever trabalhosamente num blog pode ser desanimadora, para dizer o mínimo.
Mas então, depois de tudo isto, para quê escrever num blog? Para quê perder o tempo, matar a cabeça à procura de assuntos que possam interessar a quem lê, para quê contribuir para uma blogosfera em que não se acredita? Boa pergunta. Talvez para ter um espaço em comum com o meu primo, mesmo que não tenhamos nada de interessante para dizer. Para poder falar do meu rato morto na cozinha, das receitas da minha avó, das frustrações literárias ou das comédias que invadem a minha vida. Afinal, também tenho uma data de coisas desinteressantes para dizer ao mundo e, como todos os seres humanos que decidem criar uma ilha onde se fala de coisa nenhuma, exerço o meu direito, democraticamente garantido à liberdade de expressão. Honro, pois, o direito conquistado pelos nossos antepassados, não tão caquéticos assim, à custa de suor e muita tinta escorrida nos almanaques e livros de crítica social... Mesmo que isso signifique escrever rios de generalidades inúteis. Assim seja!